Como o Efeito Halo pode impactar na avaliação educacional
Em gestão de projetos, abordamos constantemente sobre o Efeito Halo, o qual se trata da possibilidade de que uma característica de avaliação de um item, produto ou indivíduo possa interferir no julgamento sobre outras características ou fatores. O termo foi cunhado pelo psicólogo americano, Edward Thorndike, a partir de pesquisas realizadas nas forças armadas ao longo da 1a. Guerra Mundial.
A partir de suas análises, o psicólogo chegou à conclusão de que nas avaliações era possível notar uma forte correlação entre as aptidões e a aparência do soldado avaliado, ou seja, aqueles que porventura fossem considerados mais bonitos eram definidos também como mais habilidosos, sendo que o contrário também acontecia.
Nas organizações corporativas esse tipo de avaliação ainda acontece com certa frequência, de duas maneiras:

1- Uma pessoa consegue uma promoção e/ou novas atribuições por serem simpáticas, bonitas, bem-vestidas, prestativas, etc. As novas oportunidades surgem, mesmo que a pessoa não esteja preparada para tais atividades. Na minha experiência, é possível que tal movimento funcione, mas, em geral, traz problemas para a pessoa promovida (que não está preparada) e para o restante da equipe.
2- Uma pessoa é muito boa em uma determinada atividade técnica e, ganha uma oportunidade de gestão. Como acontece com o primeiro exemplo, pode ser que a decisão surta efeito positivo, mas na maioria das vezes, perde-se um competente técnico e cria-se um gestor frustrado.
Na gestão de projetos, precisamos tomar cuidados de não formamos equipes com tais “vieses”. O ideal é que os membros tenham habilidades técnicas e comportamentais que se integrem e se complementem. Pode acontecer de termos um membro “mal-humorado”, mas organizado e pontual nas entregas, por outro lado, podemos ter um outro membro fácil de lidar e se comunicar, mas que peca na organização.
Na realidade do segmento da educação, o Efeito Halo também pode acontecer. O educador (professor, coordenador, pais ou responsáveis) pode considerar um aluno incapaz de se desenvolver porque tem dificuldade em uma determinada disciplina ou conteúdo, mas esse mesmo aluno pode ser excepcional em outros temas.
O próprio Albert Einstein reprovou num exame para admissão na escola politécnica de Zurique, porque o exame era aplicado na língua francesa, idioma que não dominava. Nesse exame ele foi muito bem na prova de matemática, mas não passou em botânica e zoologia.
No meu entender, uma maneira de minimizar essas falhas de avaliação é praticar a educação integral, ou seja, conteúdos multidisciplinares, com desenvolvimento de projetos que tragam significados aos alunos. Nesses projetos, os alunos têm a oportunidade de desenvolver conhecimentos técnicos e comportamentais, como comunicação e colaboração, por exemplo. Assim, o educador é capaz de conhecer diversos aspectos de seus alunos e ajudá-los nos pontos que considerarem oportunos.
Por: Julio Cesar da Costa - Sócio Fundador Maktub Education
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